Jornal do Brasil publica: "Queremos o Rio de Janeiro fora do Brasil"
Vivemos em um país de dimensão continental, com muitas riquezas e gênios que moveram a história. Cada canto do país tem uma história para contar. A diversidade cultural do Brasil talvez seja maior do que muitos países unidos de certas regiões do planeta. Ao ponto de uma geografia tão unida acaba levando a certas culturas abafarem outras culturas. O gaúcho não age como o amazonense. Da mesma forma que o carioca está longe de ser como o nordestino, ou o paulista como o brasiliense. O tamanho do país traz prejuízos econômicos e culturais. Mas vale lembrar que o Rio de Janeiro sempre se mostrou a verdadeira capital do país, não digo a "capital federal", mas a capital cultural, social e o local onde é gerida as verdadeira tomadas de decisões, mesmo que o Governo Federal tenha levado nossos Ministérios, nossa Bolsa de Valores e agora quer levar os nossos royalties. A federação brasileira só serviu para desgastar o Rio de Janeiro, nossa cultura tem sido misturada com o de imigrantes, a favelização tem aumentado, a economia tem sido duramente atacada. Vamos mais além: O Rio de Janeiro lutou durante décadas para o nosso petróleo não cair na mão dos estrangeiros, para agora estados preguiçosos quiserem levar o que é nosso. O que o Rio de Janeiro ganha no Brasil? Nada, já que o pouco que ganhamos, o Governo Federal rouba. Não demorará para retirarem o Cristo Redentor para levarem para enfeitar o Palácio da Alvorada em Brasília.
Eu publicarei aqui uma reportagem de Felipe Pena, professor da Universidade Federal Fluminense, autor de 11 livros e doutor em literatura pela PUC-Rio. Felipe Pena também tem pós-doutorado em semiologia da imagem pela Universidade de Paris, trabalhando também como escritor e jornalista. Leia atentamente o que ele publicou no Jornal do Brasil essa semana:
Imaginem se as perdas com os royalties do petróleo fossem do Rio Grande do Sul! Não duvido que, em poucos minutos, os gaúchos organizariam uma revolução e proclamariam a independência do estado. Até consigo imaginar as barricadas no Palácio Piratini, as trincheiras organizadas por barbudos com lenço vermelho no pescoço, o chimarrão queimando durante a noite e os generais do Terceiro Exército organizando suas tropas para proteger o levante.
Se fosse no Rio Grande, os facões sairiam das bainhas, o charque assaria nas fogueiras, Garibaldi reencarnaria em algum imigrante italiano, o Veríssimo faria crônicas arrebatadoras, a torcida do Inter fecharia as fronteiras e o Renato Borghetti tocaria o hino farroupilha com sua gaita ponto. Se fosse no Rio Grande, haveria luta. Mas a perda é do Rio Pequeno, o Rio de Janeiro.
O Rio de Janeiro começou a ficar pequeno na década de 1960, com a mudança da capital para Brasília e, de lá pra cá, a situação só piorou. Perdemos na política, perdemos na economia, perdemos na segurança, perdemos na referência. Ah, sim, continuamos como a capital cultural do país, mas dividimos esse royalty com a violência, sempre pontificada mundo afora como nossa maior mazela. Sem falar em outros problemas graves, como a falta de saneamento, a saúde sucateada e um obsoleto sistema de transportes. Mas o que esperar agora, quando deixaremos de arrecadar R$ 3 bilhões já em 2012, sendo que esse valor anual deverá duplicar até 2019?
Permitam-me responder: não devemos esperar. Se a presidente Dilma não vetar o projeto aprovado no Senado, está na hora de pensarmos em sair da Federação. Tomemos, pois, o Palácio Guanabara, torcendo para que o governador se junte a nós assim que chegar de Paris. Independência já! Queremos o Rio de Janeiro fora do Brasil. (...)
O Arnaldo Jabor pode aparecer no jornal da noite para incendiar os intelectuais, a Miriam Leitão explica os gráficos e o Zuenir Ventura reúne a cidade partida, quer dizer, o estado partido. (...) Na Serra, no Norte Fluminense e na Costa Verde, milhares de voluntários se levantarão contra a injustiça, tomando o destino do povo em suas mãos enrugadas pelas enchentes do ano passado, já que não terão mais verbas para reconstruir as cidades.
Chegou a hora. Queremos o Rio de Janeiro fora do Brasil. E se você acha que tudo isso é uma piada, espere até ter sua aposentadoria cortada, seus filhos sem emprego e seu município em permanente estado de calamidade pública. Infelizmente, meu amigo, esse é um caso concreto de: independência ou morte. Ou assunto pra mais um chopinho na praia.
O Rio de Janeiro começou a ficar pequeno na década de 1960, com a mudança da capital para Brasília e, de lá pra cá, a situação só piorou. Perdemos na política, perdemos na economia, perdemos na segurança, perdemos na referência. Ah, sim, continuamos como a capital cultural do país, mas dividimos esse royalty com a violência, sempre pontificada mundo afora como nossa maior mazela. Sem falar em outros problemas graves, como a falta de saneamento, a saúde sucateada e um obsoleto sistema de transportes. Mas o que esperar agora, quando deixaremos de arrecadar R$ 3 bilhões já em 2012, sendo que esse valor anual deverá duplicar até 2019?
Permitam-me responder: não devemos esperar. Se a presidente Dilma não vetar o projeto aprovado no Senado, está na hora de pensarmos em sair da Federação. Tomemos, pois, o Palácio Guanabara, torcendo para que o governador se junte a nós assim que chegar de Paris. Independência já! Queremos o Rio de Janeiro fora do Brasil. (...)
O Arnaldo Jabor pode aparecer no jornal da noite para incendiar os intelectuais, a Miriam Leitão explica os gráficos e o Zuenir Ventura reúne a cidade partida, quer dizer, o estado partido. (...) Na Serra, no Norte Fluminense e na Costa Verde, milhares de voluntários se levantarão contra a injustiça, tomando o destino do povo em suas mãos enrugadas pelas enchentes do ano passado, já que não terão mais verbas para reconstruir as cidades.
Chegou a hora. Queremos o Rio de Janeiro fora do Brasil. E se você acha que tudo isso é uma piada, espere até ter sua aposentadoria cortada, seus filhos sem emprego e seu município em permanente estado de calamidade pública. Infelizmente, meu amigo, esse é um caso concreto de: independência ou morte. Ou assunto pra mais um chopinho na praia.
Texto escrito por Felipe Pena e postado/comentado por Rafael Oliveira, 21 de Outubro de 2011