10 perguntas para Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro
Esse será um ano de eleição no Rio de Janeiro e a revista Isto É preparou uma entrevista com o atual prefeito Eduardo Paes, entrevista que seria interessante os eleitores lerem e criticarem de acordo com a sua opinião pessoal. O texto abaixo foi extraído do site da "Isto É Dinheiro" (e pode ser lida na edição 745) e todos os direitos são reservados a ISTO É, esse Blog não se responsabiliza pelo uso externo do mesmo.
Quase um ano antes da Olimpíada de 2012, Londres estava pronta para o evento. O sr. pretende atingir uma meta semelhante?
Acompanho Londres desde 2009 e é um superexemplo de planejamento e
entrega no tempo. Vamos intensificar agora o acompanhamento. Mas as
Olimpíadas não são muito comparáveis umas às outras. Posso afirmar é que
os Jogos do Rio vão ter muito mais impacto na estrutura da cidade. Em
Londres, você vai ter um projeto fantástico que é o Parque Olímpico com
uma área da cidade revitalizada. No caso do Rio, o parque é só uma das
realizações que vamos fazer e não significa um quinto do que acontecerá
de intervenção na cidade. Um avanço que temos é que vamos tentar gastar o
máximo com recursos privados. O Parque Olímpico de Londres é todo pago
com recursos públicos, já o nosso deverá ter metade paga com recursos
privados. Por ser mais impactante, a Olimpíada do Rio é também mais
trabalhosa, mas o calendário está sendo cumprido.
O cronograma das obras para a Olimpíada de 2016 está em dia?
Posso afirmar que está totalmente no prazo. Problema vai ter,
claro, até o último dia, como em qualquer evento dessa dimensão. O
Sambódromo, onde serão realizadas as provas de arco e flecha e a final
da maratona, fica pronto em fevereiro. Será a segunda obra a ficar
pronta. A primeira foi a Cidade do Rock, que será o Parque dos Atletas
durante os Jogos.
O sr. está otimista com o andamento das obras dos Jogos Olímpicos?
A minha visão é superotimista, mas, se me perguntarem se está tudo
calmo, eu respondo: não. É uma complexidade imensa, as coisas são
difíceis, mas estão caminhando superbem.
Em que área está sua maior preocupação em relação à Olimpíada?
Tudo é muito complexo, a preocupação também é ampla — com acomodações, Parque Olímpico, Vila dos Atletas, etc.
Como está a relação com os outros níveis de governo?
É importante definir bem quem é responsável por cada coisa.
Trabalhamos integrados, mas cada um sabendo o que tem de fazer. Quem tem
mais entrega para realizar é a prefeitura. O critério foi: o que é
natural permanece com os níveis de governo. Por exemplo: o Estado cuida
do metrô, a prefeitura, do trânsito, e governo federal, dos aeroportos. O
Parque Olímpico não é responsabilidade natural do município. Mas, como o
terreno é do município, a prefeitura lidera isso em parceria com o
governo federal.
Algumas obras dependem da desapropriação. Em relatório
recente divulgado pelos moradores atingidos, as reclamações vão desde
baixas indenizações até falta de diálogo. Como lidar com a questão?
Com toda a transparência. São intervenções que não têm a ver com a
Olimpíada. Outro dia recebi um documento de desapropriações no morro da
Providência, que não tem nada a ver com a Copa ou a Olimpíada. Só que
tudo vira Copa e Olimpíada. Todas as desapropriações têm a ver com
corredores de transporte para melhorar a mobilidade da cidade. O caso
mais polêmico é o da Vila Autódromo e estamos dialogando há dois anos e
meio e permaneceremos dialogando.
Qual o planejamento para a posterior utilização das obras?
Basicamente, os nossos Jogos terão muitos equipamentos provisórios
porque a cidade já tem uma estrutura de esporte mais do que suficiente,
como os estádios do Engenhão e do Maracanã, além do ginásio do
Maracanãzinho. Então, no Parque Olímpico, quase 75% vão virar
empreendimento imobiliário — que será vendido para a iniciativa privada
e vai ajudar a pagar a conta no final. É provável que virem imóveis de
classe média alta. Se não fosse assim, gastaríamos R$ 1 bilhão e
deixaríamos de fazer coisas para a cidade. Nos outros 25%, onde estão o
Parque de Natação Maria Lenk e a Arena HSBC, vai ficar o Centro Olímpico
de Treinamento.
Em 2007, nos Jogos Pan-Americanos, o custo inicial passou
de R$ 390 milhões para R$ 3,5 bilhões. O que fazer agora para evitar
esse salto?
Planejamento benfeito em geral não salta. Claro que, como tudo na
vida, pode acontecer algum imprevisto. Nossa responsabilidade é assim:
fechou o projeto básico, licitou, então é esse o valor. Depois é dar
transparência para a imprensa e a população acompanharem. Acho que os
grandes custos da prefeitura com a Olimpíada estarão definidos até o fim
deste ano.
Como a prefeitura tem trabalhado a questão da segurança da cidade?
Não estou preocupado com a segurança da Olimpíada porque o Brasil e
o Rio de Janeiro têm tradição de fazer grandes eventos muito seguros.
Há intenção de expandir o projeto Rio Criança Global, que prevê ensino de inglês para crianças?
Acho que já é uma meta ousada ensinar o inglês. Eu falo inglês,
espanhol e francês. Nunca uso espanhol e francês. É supercharmoso falar,
mas não uso. O importante é a língua universal, o inglês.
Texto escrito e postado por Rafael Oliveira, 15 de Janeiro de 2012