Japoneses compram a SuperVia por R$ 800 milhões
(Blog do Rafael Oliveira - 24 de Março de 2019 - Escrito por Aline Silva) O Rio de Janeiro começou a investir no serviço ferroviário em 1852, com o lançamento da pedra fundamental da então Estrada de Ferro Mauá, a primeira ferrovia do Brasil. Em 1855, o império firmou um contrato para integrar uma linha de trem do Rio a Japeri, com inauguração em 1858, na época com apenas seis estações (Central, Engenho Novo, Cascadura, Nova Iguaçu, Queimados e Japerí). Em 1860 foi criado o ramal Paracambi, chegando em 1863 a Paulo de Frontin e no ano seguinte no Vale do Paraíba e em 64 a Barra do Piraí. Em 1889, com a proclamação da república, a Estrada de Ferro D. Pedro II mudou de nome para Estrada de Ferro Central do Brasil.
No início do século XX, o sistema interligava a então capital federal Rio de Janeiro, e as capitais estaduais Belo Horizonte e São Paulo. Entretanto, o Governo Federal começou a ver que as ferrovias não eram uma prioridade e começou a esquecer aos poucos esse tipo de transporte para focar no transporte rodoviário. O serviço de trens no Rio deixou, aos poucos, de ser controlado pela união e passou a ser um serviço estadual, com o início da construção de novas linhas e novas estações. Porém, a qualidade do serviço, os acidentes, a pontualidade e a modernidade dos trens começou a ter uma quada brusca. O serviço que em 1984 chegou a transportar um milhão de passageiros por dia, em 1996 transportava apenas 145 mil com uma pontualidade menor que 30%. Em 1998, a Flumitrens foi privatizada e assim foi criado o consórcio que hoje é a Supervia, a empresa que opera os trens em 12 municípios do Rio de Janeiro.
Um ano após negociações, a SuperVia, que hoje transporta 600 mil passageiros por dia, vai, finalmente, mudar de mãos. O Cade, que regula a concorrência no Brasil, recomendou no último dia 06 de março a aprovação da aquisição pelo conglomerado japonês Mitsui das ações em poder da Odebrecht TransPort, atual controladora indireta da companhia.
O negócio é estimado, segundo uma fonte, em cerca de R$ 800 milhões. Com o aval do Cade, o negócio deve ser concluído no fim de abril deste ano.
Após a conclusão da transação, a Odebrecht Transport vai reduzir sua participação indireta de 72,8% para 11,33% dos papéis da concessão ferroviária. E a Mitsui - através de sua controlada Gumi - ficará com os 88,67% restantes.
A expectativa com o novo dono é que a SuperVia consiga aumentar os investimentos, melhorar a qualidade de seus serviços e equacionar suas dívidas.